domingo, 25 de maio de 2008

A Bomba atômica aniquilou centenas de milhares de civis na maior barbárie do século XX. Ela era necessária?

Mais de seis décadas após o lançamento das bombas atômicas sobre Hiroshima e Nagasaki, a imagem dessa barbárie ainda estremece aqueles que se põem a pensar sobre esse tema. É arrepiante imaginar a cena em que criancinhas, idosos, mulheres e animais indefesos desintegram-se abruptamente sob o efeito devastador do artefato. Também é assustador conviver com a realidade inquestionável de que as mãos humanas são capazes de destruir o planeta, tamanho é o arsenal de armamentos nucleares que proliferaram sem controle desde então, alimentando a chamada "guerra fria" que tantas discórdias e misérias impuseram à humanidade do pós guerra, com as principais potências digladiando-se diuturnamente numa guerra de nervos e de ameaças veladas.
A decisão norte-americana de lançar bombas atômicas sobre as duas cidades japonesas, é motivo para muita reflexão ao se tentar entender esse gesto tão terrível. Teria sido de fato inevitável como apregoam alguns, principalmente os militares envolvidos e o presidente Harry Truman? Ou teria sido fruto de uma decisão política dos norte-americanos a fim de sedimentar a sua supremacia bélica e também apressar o fim da guerra para não ter que retalhar o território japonês com os Soviéticos como já havia acontecido na Alemanha e na Europa oriental?
Muitos historiadores defendem a segunda tese, onde enxergam uma lógica aparentemente sustentada pelos fatos históricos da época. Segundo esse argumento, naquele momento a guerra já estava decidida na Europa, tendo os aliados neutralizado totalmente o exército nazista. O avando japonês havia sido contido e o seu exército sofrera derrotas parciais em batalhas navais no pacífico pelas forças americanas; a elite japonesa estava descrente com as perspectivas da guerra, ou seja, tudo caminhava para a rendição do japão que ficara isolado com a derrota dos demais participantes do eixo, Alemanha e Itália.
Segundo essa corrente, bastante verossímil na minha opinião, os americanos não queriam de forma nenhuma que o exército soviético auxiliasse no combate contra as forças japonesas, pois passariam a ter o direito de participar da ocupação da nação nipônica assim como ao butim de guerra. Tal situação teria sido decisiva para a tomada de decisão de lançar os artefatos atômicos sobre as cidades japoneas, aniquilando centenas de milhares de vidas de uma só vez mas de fato selando a capitulação do imperador japonês de maneira rápida e incondicional.
A partir desta concepção dos fatos históricos referentes ao trágico final da segunda guerra mundial, surge uma questão filosófica importante e profundamente atual nos dias de hoje que é evidenciada todas as vezes que uma nação declara guerra contra outra alegando motivos de questionável relevância. Percebe-se então que as guerras são todas imorais, pois nascem da volúpia que os indivíduos tem pelo poder, e na maioria das vezes os reais motivos que as desencadeiam são indefensáveis e abjetos. Assim, bombas são lançadas a título de imobilizar o inimigo, mas na verdade querem marcar posição para amedrontar outros rivais; invasões são feitas a título de desbaratar o terror, mas talvez tenham finalidade econômica para garantir insumos e matérias primas importantes; grupos armados detonam bombas em locais públicos e ceifam vidas inocentes com o argumento de ser necessário pressionar o inimigo opressor, mas se tornam na prática mais cruéis do que este.
A estupidez da guerra é uma chaga que até hoje assola a humanidade, demonstrando quanto falta ainda de progresso ético e moral para a raça humana se ver livre dessa doença. Se o progresso científico e tecnológico caminha na velocidade de um avião a jato, o progresso ético-moral caminha no lombo de um burro, a passos lentos, criando essa distorção perigosa que pode colocar na mão de um dirigente totalitário e sem limites éticos o poder de destruir a vida de milhões de pessoas e ainda ser aplaudido por multidões. O mundo só se verá livre dessa ameaça de aniquilação quando os povos começarem a entender que a fabricação de armas e a beligerância entre nações é um fato nocivo à existência humana, que deve ser combatido veementemente no campo das idéias e das ações.
Arivaldo Sidney Ruas- 2º período comunicação - PUCMG

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